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Tesouro Direto: após duas paradas, taxas dos títulos públicos sobem ainda mais; prefixados de curto prazo oferecem juro recorde de até 12,5%

SÃO PAULO – Após duas paralisações ao longo do dia, as negociações de títulos públicos via Tesouro Direto foram retomadas, por volta das 16h55, da tarde desta quinta-feira (28). A parada ocorreu por causa da forte volatilidade nos preços e taxas dos papéis.

O estresse é reflexo de indefinições em torno da PEC dos precatórios e de falas desencontradas sobre a extensão do auxílio emergencial.

Na retomada dos negócios, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera com altas expressivas nas taxas. O destaque segue nos papéis prefixados de curto prazo – que oferecem valores acima das opções prefixadas de vencimento mais alongado.

Às 16h55, o juro pago pelo Tesouro Prefixado com vencimento em 2024, por exemplo, era de 12,54%, acima dos 11,96% ao ano vistos no começo da manhã. Um dia antes, o retorno do papel era de 11,82%. Esse é o maior valor já pago por esse título que começou a ser negociado em fevereiro deste ano.

Enquanto isso, o retorno do papel com vencimento em 2031 e pagamento de juros semestrais era de 12,24% ao ano, acima dos 11,84% vistos na sessão anterior. Na prática, isso representa uma diferença de 30 pontos-base entre a remuneração oferecida pelo título com vencimento em 2024 e o papel com prazo até 2031.

Da mesma forma, o retorno real oferecido pelo título atrelado à inflação com vencimento em 2026 avançava de 5,49%, no começo da manhã, para 5,66%, na atualização das 16h55. Anteriormente, o papel pagava um juro real de 5,37%. O percentual também é recorde para esse papel que passou a ser negociado em fevereiro de 2020.

Já o juro real do Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 5,65%, na volta das negociações, contra 5,56% ao ano no início da manhã. Um dia antes, a remuneração real oferecida era de 5,48%. O valor é o mesmo pago pelo papel com vencimento em 2026.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidas na volta das negociações na tarde desta quinta-feira (28): 

Taxas Tesouro Direto

Copom, troca no BC e IGP-M

Com a decisão anunciada após o fechamento do mercado ontem (27), investidores seguem repercutindo a elevação de 1,5 ponto percentual da Selic pelo Copom, estabelecendo a taxa básica de juros em 7,75% ao ano.

No comunicado, o Comitê destacou ainda que antevê um ajuste de mesma magnitude – 1,5 ponto – para a Selic no próximo encontro, em dezembro. Com isso, os juros encerrariam 2021 em 9,25% ao ano.

Ainda que a postura do BC tenha sido um pouco mais firme do que nas reuniões anteriores, o mercado esperava mais, especialmente por entender que o ajuste é insuficiente para ancorar as expectativas de inflação.

Em live organizada pelo InfoMoney após o anúncio, Luana Miranda, economista da Gap Asset, disse que o aumento da Selic deveria ter sido de pelo menos 2 pontos percentuais.

“O BC está sendo visto como atrás da curva o tempo inteiro. Essa sensação de ‘desancoragem’ das expectativas, de perda de credibilidade com o anúncio de mudança da regra do teto de gastos ou o furo no teto de gastos que seria incluído na PEC dos Precatórios, isso dá uma sensação de fragilização da nossa âncora fiscal e consequentemente aumenta nosso juro neutro”, disse Luana.

A economista destacou que o BC admitiu uma inflação de 4,1% para o ano que vem, muito acima da meta de 3,5%. “O mercado, no geral, espera mais. Aqui nós projetamos 4,6%”, disse. “Tudo indica que a Selic deve voltar aos dois dígitos no ano que vem”.

Também nesta quinta-feira (28), o Banco Central comunicou a saída de João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, ao fim do seu mandato, em 31 de dezembro deste ano. Pela lei da autonomia do BC, o mandato de Pinho de Mello poderia ser renovado por mais um ciclo.

A autarquia também informou que Roberto Campos Neto, presidente do Banco, indicou o economista Renato Dias de Brito Gomes para substituir Pinho de Mello. Ele é bacharel e mestre pelo Departamento de Economia da PUC-Rio e PhD em economia pela Northwestern University.

Outro tema de destaque da agenda econômica está na divulgação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que subiu 0,64% em outubro, após queda de 0,64% no mês anterior. Os dados foram apresentados hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com esse resultado o índice acumula alta de 16,74% no ano e de 21,73% em 12 meses. Em outubro de 2020, o índice havia subido 3,23% e acumulava alta de 20,93% em 12 meses.

PEC dos precatórios e Auxílio Gás

Na cena política, as atenções estão voltadas novamente para a PEC dos precatórios. Nesta quinta-feira, Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, disse que o governo federal pode estender o auxílio emergencial, caso o texto da PEC dos precatórios não seja aprovado rapidamente. A apuração é do jornal Valor Econômico.

Segundo o jornal, o ministro, no entanto, não deixou claro se o público-alvo seria o mesmo do Bolsa Família, ou se seriam os 35 milhões que recebem o benefício hoje.

Posteriormente, a informação foi negada por João Roma, ministro da Cidadania, que afirmou que não há mais como prorrogar o auxílio emergencial e que o programa “acabou”. Ele também disse que o foco agora está na PEC dos precatórios.

Arthur Lira (PP-AL) e aliados seguem com expectativa de que seja possível fechar um acordo com a oposição para que o texto da PEC dos precatórios seja votado na quarta-feira da semana que vem (3).

A PEC busca abrir espaço para viabilizar o Auxílio Brasil – novo programa de transferência de renda do governo e garantir o custeio do benefício no valor mínimo de R$ 400.

Também na frente política, a Câmara dos Deputados aprovou ontem (27) o Projeto de Lei 1374/21, que cria o Auxílio Gás, a fim de subsidiar o preço do gás de cozinha para famílias de baixa renda. A matéria será enviada agora à sanção presidencial.

Cena internacional

Enquanto isso, no cenário externo, o radar do mercado está nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Segundo o Departamento do Comércio, a primeira estimativa de crescimento apontou que o indicador cresceu 2% na taxa anualizada entre julho e setembro deste ano.

A previsão dos economistas consultados pela Refinitiv era de avanço de 2,7% na comparação trimestral em termos anualizados, o que representa uma desaceleração após a alta de 6,7% no segundo trimestre.

Também no começo da manhã, foram divulgados os números de pedidos de auxílio-desemprego da última semana nos Estados Unidos, que ficaram em 281 mil pedidos. A projeção Refinitiv era de 290 mil.

O mercado repercute ainda a decisão do Banco Central Europeu (BCE), que optou por não alterar as taxas de juros da região, conforme esperado pelo mercado.

Os dirigentes do banco, no entanto, ressaltaram que as compras de ativos por meio do programa emergencial da pandemia, conhecido como PEPP, seguirão em ritmo “moderadamente menor” do que no segundo e terceiro trimestres deste ano.

Fonte: Infomoney