SÃO PAULO – Mais uma vez, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu para cima ao subir 1,25% na comparação mensal (ante projeção Refinitiv de avanço de 1,05%), levando analistas revisarem novamente para cima as suas projeções para a inflação e traçarem cenários de até aceleração do ritmo da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de 8 de dezembro.
Conforme destaca Tatiana Nogueira, economista da XP, a surpresa foi de magnitude semelhante na prévia da inflação de outubro, medida pelo IPCA-15. Mas, na ocasião, o destaque foi a aceleração nos serviços enquanto que, na divulgação desta quarta-feira (10), a surpresa foi mais generalizada, sendo os preços industriais os que mais se desviaram.
A inflação de serviços subiu 1,04% em outubro, acima da projeção da XP de 0,91%, após alta de 0,64% em setembro. E os serviços básicos, medida monitorada pelo BC, acelerou de 0,37% para 0,68%. Os preços dos bens industriais registraram aceleração significativa no mês, de 1,04% para 1,39%, acima da projeção da equipe econômica de alta de 1,05%. Os núcleos da inflação saltaram para 0,95% em outubro, após alta de 0,68% em setembro.
“A surpresa do mês acima do projetada confirma leitura desafiadora da inflação, pressionada tanto pelos repasses em curso dos elevados custos de produção quanto pelo efeito da aceleração dos preços dos serviços. Nossa projeção para o IPCA de 2021, atualmente em 9,5%, está em revisão com viés de alta”, ressalta Tatiana.
Na mesma linha, após o dado, o Bank of America e o Citi revisaram para cima as suas projeções para o IPCA.
O BofA espera agora que o índice avance 10,1% neste ano, ante projeção anterior de 9,1%. “Esperamos agora que o pico (da alta do IPCA) seja de 10,74% em comparação com o mesmo período do ano anterior em novembro, mas os riscos ainda são altistas, devido à volatilidade dos preços das commodities e ruídos políticos e fiscais”, escreveu David Beker, economista e estrategista para Brasil do BofA.
O Citi elevou a estimativa para este ano do IPCA de 9,5% para 10,4%. Além disso, apontaram os analistas, as leituras mais fortes do que o esperado “adicionam riscos altistas para nossa projeção de 4,3% para a alta do IPCA ao final de 2022 e taxa Selic terminal de 11,0%”.
A taxa Selic está atualmente em 7,75% ao ano, após o Banco Central promover aumento de 1,5 ponto percentual no último encontro do Copom.
O BC sinalizou na última reunião um novo ajuste da mesma magnitude de 1,5 p.p. mas, após o IPCA, o Goldman Sachs destacou ver a chance de uma alta mais expressiva. Assim, o banco espera uma alta de pelo menos 1,5 ponto na Selic, para 9,25% na próxima reunião, mas destaca que há 20% de chance de um aumento ainda maior.
Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do banco, destacou ainda ver que, em um cenário de intensas pressões inflacionárias e piora do balanço de riscos, a probabilidade de o BC conseguir conduzir a inflação para a meta de 3,50% em 2022 é muito baixa.
Fonte: Infomoney