SÃO PAULO – Em relatório, o Bradesco BBI destacou os fatores de risco que atualmente têm pesado para as ações do setor siderúrgico no Brasil, notoriamente Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3)
Os analistas apontam que os desdobramentos recentes podem pesar sobre os resultados de 2022 em vários graus, mas avalia que as valorações já incluem uma deterioração significativa dos níveis atuais.
São quatro os riscos no total: (i) desaceleração mais acentuada do crescimento econômico chinês decorrente da crise de energia e do mercado imobiliário; (ii) atividade econômica mais fraca no Brasil; (iii) crise de energia no Brasil e (iv) preços mais altos do carvão de coque por mais tempo.
Em um primeiro cenário, foram estabelecida algumas premissas. Minério de ferro negociado a US$ 90 por tonelada e o carvão de coque em US$ 350 por tonelada, o aço laminado a quente (HRC, na sigla em inglês) da China em US$ 700 por tonelada, o vergalhão turco em US$ 580 por tonelada, queda de 5% na demanda brasileira por aço em 2022 na comparação anual e preços domésticos no quarto trimestre de 2022 40% menores do que os do mesmo período de 2021.
Nesse caso, a Usiminas estaria negociada por 3,5 vezes a razão entre o valor da firma e o lucro sobre juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de 2022, a Gerdau por 4,4 vezes a razão EV/Ebitda, enquanto a CSN seria por 4 vezes. Ou seja, com múltiplos considerados baixos, sinalizando os papéis a patamares atrativos.
Já no segundo cenário, o minério estaria em US$ 70 por tonelada, o carvão de coque em US$ 300 por tonelada, o aço HRC da China por US$ 600 por tonelada, o vergalhão turco em US$ 500 por tonelada e a demanda por aço no Brasil cairia 10% na comparação anual em 2022, enquanto os preços domésticos do quarto trimestre de 2022 cairiam 50% em relação ao mesmo período de 2021, presumindo um prêmio de importações de -5%. Com essas projeções, os múltiplos estariam mais “esticados”, a Usiminas seria negociada por 5,6 vezes o EV/Ebitda em 2022, a Gerdau por 6,8 vezes e a CSN por 6 vezes.
“No cenário 1 (ao qual atribuímos 30% de probabilidade), os aços brasileiros continuam a oferecer vantagens consideráveis. As ações estão sendo precificadas no cenário 2, cujas premissas implicam uma correção para o meio do ciclo já em 2022, o que vemos como improvável (10% de probabilidade)”, apontam os analistas.
Eles afirmam reconhecerem que haverá volatilidade contínua no curto prazo, mas mantêm recomendações de compra para Usiminas, CSN e Gerdau devido às grandes assimetrias nos níveis de avaliação. Os preços-alvos respectivos são de R$ 34, R$ 67 e R$ 46, configurando em um potencial de valorização de 113%, 141% e 70% em relação ao fechamento da véspera.
Fonte: Infomoney