A velocidade de aprovação dos projetos que visam frear o aumento nos preços dos combustíveis tanto no Senado quanto na Câmara impressionou John Rodgerson, CEO da Azul (AZUL4). “Uma rapidez que eu nunca vi”, disse o executivo em live do InfoMoney.
Em 2020, no auge do primeiro ano da pandemia, quando as companhias aéreas no mundo todo sofriam com cancelamento de voos e queda brutal de demanda, Rodgerson foi crítico ao governo do presidente Jair Bolsonaro, que não ofereceu ajuda rápida ao setor.
Agora, o governo parece estar mais empenhado, na visão do CEO. “O que acontece é que o Brasil precisa voltar a crescer, criar empregos, transportar cargas e pessoas e por fim, ajudar o PIB a crescer novamente”, destacou.
O executivo afirmou que as companhias aéreas têm adotado a política de cancelamento de alguns voos para compensar a alta dos combustíveis. “Uma vantagem do Brasil é que contratamos algo hoje para pagar daqui 30 dias”, disse. Ele citou que a queda recente do dólar sobre o real também aliviou um pouco a pressão de custos da empresa.
“Vamos ajustar as aeronaves, vamos reduzir a capacidade, vamos cortar custos e repensar tarifas”, disse. “Temos experiências com crises, sabemos como lidar e quais são nossas alternativas.”
Otimismo
O avanço da vacinação e a maleabilidade da Azul em termos de aeronaves (a companhia trabalha com aviões de diversos tamanhos) são fatores de otimismo para o desempenho da aérea neste ano, segundo Rodgerson, apesar dos indicadores macroeconômicos ainda ruins e do avanço no preço dos combustíveis.
A empresa terminou 2021 operando em 147 cidades, com mais assentos ocupados no ano passado do que dois anos antes. “O mercado fala em atingir os resultados pré-pandemia em 2024. Nós conseguimos isso em 2021”, comemorou.
A empresa pretende operar no Amazonas e novas cidades no interior do país e no exterior (Chile e Argentina) em 2022. “Nós temos um plano que diz que podemos chegar a 200 cidades. Vamos chegar nisso ao longo dos próximos anos.”
No transporte de cargas, a Azul mais que dobrou sua receita em 2021, se comparada ao balanço pré-pandêmico de 2019, para mais de R$ 1 bilhão. A companhia tem a estratégia de usar aviões comerciais para também transportar cargas menores e, assim, ganhar eficiência com a sinergia das operações.
Fusão com Latam
Segundo o CEO da Vivo, a compra da Latam “não deu certo porque eles evitaram de qualquer jeito”. Ele disse que a fusão “teria sido uma coisa muito saudável para o Brasil” e que ainda há interesse da Azul na compra da concorrente. “Não desistimos 100% de nada, deixa o mundo girar algumas vezes, mas não é muito meu foco agora”, afirmou.
Rodgerson disse que a proposta feita pela Azul pela Latam foi muito boa e que os acionistas da Latam estão segurando a venda porque não querem perder o controle da empresa. “Mas é uma coisa que os credores vão decidir. Se eles gostam do plano [de recuperação judicial] deles, tudo bem, eles podem aceitar. Mas eles vão ganhar menos dinheiro, isso eu prometo, mas é decisão de cada um.”
Fonte: Infomoney