SÃO PAULO (Reuters) – O dólar saltava com força em relação ao real na manhã desta quinta-feira, acompanhando movimento internacional de busca por segurança após a Rússia lançar uma invasão em escala total contra a Ucrânia.
Às 10h34 (horário de Brasília), o dólar comercial subia 1,69%, a R$ 5,088 na compra e R$ 5,089 na venda. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,10. Já o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,40%, a R$ 5,085, após chegar a R$ 5,09 mais cedo.
A aversão a risco era generalizada nesta quinta-feira, com o índice do dólar avançando 0,9% no exterior, uma vez que a divisa norte-americana ganhava terreno contra a grande maioria das moedas de países emergentes.
No mercado de ações, as principais bolsas europeias caíam de 3% a 5%, enquanto os futuros de Wall Street indicavam queda de mais de 20% do índice Nasdaq 100 em relação a sua máxima recorde. Ao mesmo tempo, os rendimentos dos títulos norte-americanos despencavam em meio à forte demanda por refúgio na dívida.
“Parece que se materializou o pior cenário em relação ao conflito da Ucrânia com a Rússia”, comentou Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, sobre o pânico nos mercados internacionais nesta manhã.
A Rússia lançou uma invasão total da Ucrânia por terra, ar e mar nesta quinta-feira, o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e a confirmação dos piores temores do Ocidente.
Em meio a relatos de explosões em várias cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev, autoridades ocidentais já afirmaram que adotarão sanções maciças contra a Rússia.
O salto do dólar ante o real nesta manhã vem depois de a moeda cair pelo quarto pregão consecutivo na véspera, a R$ 5,0033, menor valor desde 30 de junho de 2021 (R$ 4,9764).
Entrada de investidores estrangeiros
Investidores têm apontado para uma forte entrada de recursos estrangeiros no Brasil nas últimas semanas, com o alto patamar dos juros locais aumentando a atratividade do real para estratégias que lucram com diferenciais de taxas de empréstimo. Mesmo com a alta desta quinta-feira, o dólar ainda acumula baixa de mais de 9% frente à divisa brasileira em 2022.
A taxa Selic está atualmente em 10,75% ao ano, enquanto os juros nos Estados Unidos, referência global para investimentos, seguem próximos de zero.
“Olhando para o Brasil, eu entendo que aquele benefício inicial que a gente tinha de alocação (de recursos) pode até continuar por mais algum período, mas não vejo isso sendo muito sustentado dado o grande aumento de aversão a risco que a gente vê neste momento”, disse Morelli.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 2 de maio de 2022.
Fonte: Infomoney